sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Musculação na infância e adolescência


Por: Bruno Fischer.
O treinamento de força (musculação) para crianças e adolescentes ainda parece ser muito controverso para muitos profissionais da saúde, como médicos e educadores físicos. A causa dessa controvérsia deve-se justamente ao fato de muitos desses profissionais estarem desatualizados, pois nos últimos anos muitas pesquisas têm demonstrado os verdadeiros efeitos de um programa de força para crianças e adolescentes.
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Os estudos mais antigos constantemente questionavam a segurança e eficiência de um treinamento de força para essa faixa etária, mas novas evidências têm indicado que tanto crianças quanto adolescentes podem aumentar a força muscular em conseqüência de um treinamento de força (GUY & MICHELI, 2001; FAIGENBAUM et al, 1999). Os riscos de um treinamento de força bem orientado e individualizado são praticamente nulos (BLINKIE, 1993), enquanto vários benefícios podem ser obtidos mediante o treinamento com pesos.
Benefícios do treinamento de força
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Subir em árvores, brincar de carrinho de mão e jogar bola são exemplos de atividades comuns na infância e que podem acarretar lesões, certamente essas atividades tem muito mais impacto e são muito mais passíveis de lesões do que um treinamento dentro de uma sala de musculação. A maioria das crianças pode se beneficiar com os programas de treinamento de força, no que diz respeito à melhora do condicionamento físico e desempenho nos esportes ou para reduzir a probabilidade de lesões em atividades esportivas ou recreativas (FLECK & KRAEMER).
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Um programa de exercício eficiente e seguro é necessário para tratar doenças crônicas (ex. obesidade) na infância (SOTHERN et al, 2000). O treinamento de força tem sido adotado como forma segura e eficaz nos programas para redução de peso em crianças e adolescentes (SCHWINGSHANDL et al, 1999). Em um estudo realizado na Universidade de Louisiana, os pesquisadores utilizaram a musculação num programa para redução de peso corporal em crianças. Houve mudança significativa na composição corporal (redução de peso e % de gordura) e nenhuma lesão foi reportada nessa pesquisa (SOTHERN et al, 1999).
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O desenvolvimento ósseo das crianças também é afetado positivamente em função do treinamento com pesos. Quantidades aumentadas de fibras colágenas e sais inorgânicos são depositados nos ossos como resposta a tensão muscular, coeficiente de tensão e compressão. Essa melhora da densidade óssea pode ser importantíssima na prevenção da osteoporose.
Crescimento e maturação Ainda é comum vermos pseudo-especialistas e leigos afirmando que a musculação pode atrapalhar o crescimento, e sempre associam que a baixa estatura de ginastas é proveniente do treinamento com pesos. Na verdade a baixa estatura de ginastas e elevada estatura de atletas de voleibol e basquetebol está simplesmente relacionada à seleção natural de talentos. Ou será que os Jóqueis são baixos porque andam excessivamente de cavalo? Claro que não, da mesma forma que o ginasta tem uma facilidade por ser baixo e leve, o jóquei também se beneficia da baixa estatura e pouco peso.
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Um crescimento ideal e a maturação sexual dependem do potencial genético, estado nutricional e uma série de hormônios (ROEMIMICH et al, 2001). Diversos estudos realizados com atletas de ginástica olímpica têm demonstrado um RETARDAMENTO do crescimento e da maturação em atletas do sexo feminino. Um estudo interessante feito por Georgopoulos et al em 2001, analisou 104 ginastas do sexo feminino. Os autores identificaram um retardamento do crescimento durante a fase em que as atletas treinavam intensamente, porém compensado com um crescimento normal e acelerado após uma diminuição dos treinamentos.
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Muitas vezes esse crescimento chegou a superar a predisposição genética. Esse crescimento retardado está totalmente relacionado com o excesso de treinamento intensivo e principalmente a dieta inadequada que as ginastas são submetidas, uma vez que esse retardamento não é observado em atletas do sexo masculino (WEIMANN et al , 2000; ROGOL et al, 2000). Ginastas do sexo masculino não são incentivados a manter uma baixa ingestão calórica.

Considerações finais
O treinamento de força em crianças e adolescentes era inicialmente contra-indicado pois os primeiros estudos publicados foram incapazes de demonstrar ganhos em força ou outro benefício qualquer, porém estes estudos perderam sua credibilidade já que utilizavam treinamentos de força mal elaborados além de planejamentos experimentais insatisfatórios. As evidências atuais demonstram que tanto crianças quanto pré-adolescentes se beneficiam do treinamento de força, apesar de terem pouco favorecimento em relação à massa muscular. Apenas um estudo publicado até hoje mostrou ganhos significativos de hipertrofia (FUKUNAGA et al , 1992), talvez isso deve-se ao fato da dificuldade de realizar um estudo por um longo período de tempo.
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A partir de observações empíricas nota-se que crianças que são submetidas a um treinamento de força prolongado, tendem a ter uma musculatura mais aparente. É só observarmos ginastas de seis ou oito anos que tem uma musculatura muito mais trabalhada que crianças não praticantes de exercício resistido. Diversos discursos ideológicos e hipócritas discriminam a prática de musculação para crianças, alegando que criança não deve ser tratada como um “mini adulto”. De fato devemos dar livre escolha para as crianças, pois o ideal é fazer algo que proporcione prazer, “temos que deixa-las brincar”. Mas por que não brincar de musculação?

Dicas nutricionais para atletas

O exercício prolongado realizado em altas temperaturas, leva a redistribuição do sangue para a pele para permitir a adequada evaporação. Conseqüentemente, a fluidez de sangue para órgãos como fígado, rins e intestino é reduzida, prejudicando a absorção do carboidrato e levando a redução na sua oxidação durante o exercício. Isso explica porque a suplementação de carboidrato durante exercícios em altas temperaturas não exerce efeito na performance.
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Após um treino de resistência, principalmente longo, procure ingerir alimentos ricos em carboidratos no prazo de, no máximo, duas horas. É nesse período de tempo que a enzima glicogênio-sintetase atinge seu pico, favorecendo a ressíntese de glicogênio e repondo seus estoques no fígado e nos músculos.Talvez você já tenha ouvido falar de que o excesso de exercícios físicos provoca envelhecimento precoce. E isso é uma verdade. Isso se deve à produção excessiva dos chamados Radicais livres, que são moléculas que contém um elétron não pareado em sua órbita. Exercício físico, estresse, alimentação incorreta e fumo são os maiores causadores dessa produção excessiva.
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O aumento de radicais livres durante o exercício pode ocorrer pelo aumento no nível de catecolaminas, pela produção de ácido lático, aumento da auto-oxidação da hemoglobina, pela hipertermia e, principalmente, pelo aumento no consumo de oxigênio.Para neutralizar os efeitos nocivos dos radicais livres no organismo torna-se necessária a ingestão adequada dos nutrientes antioxidantes como vitamina C, vitamina E, betacaroteno, zinco, selênio e manganês. Essa suplementação deve ser realizada por meio dos alimentos, pois, por exemplo, a suplementação sintética da vit C aumenta a oxidação do ácido ascórbico (vit C), não contribuindo para a defesa antioxidante.Portanto, procure alimentar-se o mais corretamente possível, variando os alimentos e procurando ingerir de tudo um pouco.
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Lembre-se: quanto mais cores diferentes de alimentos estiverem em seu prato, mais saudável será esta sua refeição!
Referência:http://www.abranufi.com.br/.

Previsão da estatura final - acertando no lavo?

Carlos Alberto Longui

Professor Adjunto, Departamento de Pediatria - Unidade de Endocrinologia Pediátrica, e Departamento de Ciências Fisiológicas — Laboratório de Medicina Molecular, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, SP. Presidente do Departamento de Endocrinologia Pediátrica, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Prever a estatura final permite tomar decisões importantes em várias doenças endócrinas e não endócrinas que acometem a criança e o adolescente. Por vezes, a alta estatura é acompanhada de avanço desproporcional da idade óssea (IO) e perda da previsão de estatura final (pEf), como se observa em casos de precocidade puberal ou de hipertireoidismo. Outras vezes, a baixa estatura está associada ao atraso da IO, que em situações não patológicas é proporcional à aparente perda estatural e, portanto, não repercute na estatura final, evoluindo com recuperação do crescimento especialmente no período puberal.

Entre estes extremos existe um grande espectro de combinações entre a variação do crescimento, progressão da IO e grau de maturação puberal, conferindo ampla variabilidade nos padrões de maturação e crescimento até a estatura final. Esta variação é amplificada pelas dificuldades técnicas em se estabelecer padrões de IO atualizados e adequados às características raciais e regionais.O princípio básico da pEf é a correlação entre o grau de maturação óssea, a fase do crescimento e o potencial de crescimento ainda presentes numa determinada fase do processo evolutivo. Portanto, os métodos de pEf estão melhores ajustados a indivíduos com crescimento normal, nos quais se mantêm inalterada a correlação entre as variáveis acima citadas.

Doenças endócrinas e não endócrinas crônicas, assim como variantes do crescimento, como o retardo constitucional do crescimento e puberdade (RCCP) e a baixa estatura familial (BEF), apresentam padrões evolutivos peculiares e, portanto, não permitem acurácia nas pEf, em parte relacionado a graus variáveis da gravidade clínica da doença.Em situações clínicas com curvas de crescimento já definidas, como nas crianças nascidas pequenas para a idade gestacional, nas síndromes de Turner, Down, Prader Willi e Noonan, entre outras, o conhecimento do crescimento espontâneo oferece condições de se prever a estatura final com melhor acurácia.

A estas dificuldades se somam as falhas da elucidação diagnóstica, como as observadas em meninas inicialmente caracterizadas como portadoras de baixa estatura idiopática (RCCP ou BEF), nas quais após estudo citogenético ou avaliação molecular de genes localizados no cromossomo X, pode-se reconhecer anormalidades gênicas ou cromossômicas associadas à síndrome de Turner ou à discondrosteose de Leri-Weill.Estes aspectos aqui salientados são discutidos nesta edição dos ABE&M, nos artigos apresentados por Martins e cols. (1) e Setian e cols. (2).A despeito de todas as limitações associadas à pEf, uma estimativa mesmo desprovida de acurácia, é essencial ao raciocínio clínico. O endocrinologista deve estar ciente das limitações intrínsecas dos métodos de determinação da IO e pEf, assim como transmitir aos pais e pacientes o caráter semi-quantitativo das informações oferecidas por estes métodos.

A obtenção de previsões seqüenciais (a cada 6 ou 12 meses) minimiza a fragilidade destes métodos e permite estabelecer um padrão evolutivo que, em geral, se correlaciona melhor com a estatura final real. Nesta situação evolutiva é necessário considerar a época esperada para o início puberal, pois a antecipação inesperada do desenvolvimento puberal é uma das principais causas de falha dos métodos de pEf. Em estudos anteriores realizados na Unidade de Endocrinologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo (3-6), avaliamos a utilização dos métodos de realização da IO e pEf, evidenciando que a determinação da IO pelo método de Greulich-Pyle, com previsão subseqüente pelo método de Bayley-Pinneau, é o que melhor se adapta aos pacientes com precocidade sexual. Nas outras situações clínicas testadas (hipotireoidismo, deficiência de GH, RCCP e BEF) a realização da IO e pEf pelo método de Tanner foi mais estável em avaliar seqüencialmente as pEf e se correlacionaram melhor com a estatura final.Do ponto de vista prático, os métodos de previsão utilizam dados de crescimento da população geral.

Portanto, a simples projeção da estatura, corrigida para a idade óssea (ao invés da idade cronológica), permite estabelecer o percentil de estatura da IO, que representa o percentil de estatura da previsão final. A repetição deste ajuste em pontos seqüenciais da curva permite reconhecer a estabilidade da previsão ao longo do tempo (figura acima do texto). Nossa opinião é que, embora sujeita a grande variabilidade, a pEf é uma ferramenta ainda útil na observação longitudinal do crescimento, cabendo a nós endocrinologistas reconhecer os limites que o método apresenta.
Em se tratando de uma informação tão útil quanto a fornecida pela pEf, a precisão com que acertamos o ''alvo'' é menos importante do que reconhecer a tendência evolutiva de manutenção, ganho ou perda da estatura final.

Defesa no reflexo: abordagens conceituais básicas

O futebol nas suas mais variadas formas de execução, futsal, futebol de areia, futebol sete e futebol de campo, cada vez mais necessita de jogadores versáteis, que possam atuar nas mais diversas posições e situações de jogo. Neste universo, distingue-se o goleiro, pois é o único jogador com características próprias, cuja função difere dos demais integrantes da equipe. Cada vez mais o goleiro se torna uma posição especializada dentro do contexto do jogo de futsal. A função básica deste jogador é defender o seu gol, utilizando-se para isto de todas as possibilidades técnicas, táticas, físicas e psíquicas, que sejam permitidas pela regra do jogo. Podemos considerar que uma das qualidades fundamentais para o desempenho adequado da função de goleiro dentro do jogo de futsal, é o tempo de reação. Todavia, freqüentemente ocorre uma “confusão” acerca da participação na ação do goleiro, de outro componente neuro-motor, que é o reflexo.
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Esta situação, que foi e ainda é, criada e alimentada principalmente pelos meios de comunicação, ao salientarem as ações rápidas do goleiro frente ao chutes dos adversários, como sendo “defesa no reflexo”, está muito presente no nosso dia-a-dia. Através deste trabalho procuraremos elucidar possíveis dúvidas sobre o assunto, buscando identificar os conceitos de tempo de reação e reflexo, para uma melhor compreensão dos gestos defensivos do goleiro de futsal.

REFLEXOS
Basicamente, a diferença existente entre reflexo e tempo de reação diz respeito ao ponto de integração destes movimentos no complexo sistema de controle motor do movimento humano. Enquanto o tempo de reação é uma ação consciente, surgindo com a percepção de um estímulo pelo SNC, a integração do movimento reflexo ocorre no nível da medula espinhal. MAGGIL (1984) em relação a estes movimentos classifica-os em movimentos reflexos e movimentos voluntários. Para ele os “movimentos reflexos envolvem tanto a transmissão sensorial da informação dos receptores apropriados, quanto a transmissão eferente da informação para a musculatura apropriada.

Mas a fase de integração deste sistema é muito diferente dos movimentos voluntários mais complexos”(p.142). O autor aponta as diferenças existentes entre os dois movimentos. Segundo ele a diferença está no local em que ocorre a integração, pois ”para movimentos reflexos simples, a integração da informação sensorial motora ocorre no nível da medula espinhal. A fibra nervosa aferente transmite o impulso a medula espinhal, onde a fibra forma sinapse com um neurônio motor alfa, que leva o impulso eferente ao músculo esquelético apropriado”.(p.142).

Nos movimentos voluntários, MAGILL salienta que a integração da informação sensorial ocorre no cérebro, “sendo os principais locais de integração o córtex, os gânglios cerebrospinais, o tálamo e o cerebelo”.(p.142). O ponto de integração do estímulo no movimento reflexo, também é abordado por WEINECK (1991), como sendo a diferença entre os dois tipos movimentos.

Afirma ele que “ enquanto os desempenhos motores mais complexos, ou mais ‘altos’, estão ligados às estruturas superiores do cérebro, as correções simples de atividade muscular podem ocorrer a nível de medula”.(p.53). A esta atividade desenvolvida no aspecto medular, ele chama de reflexo. Com opinião semelhante, encontramos as idéias de BRANDÃO (1991) para quem as atividades esportivas, complexas pela sua natureza “ tem no córtex motor sua estação final, que conecta e dá continuidade ao processo iniciado em áreas sensoriais e de associação do córtex cerebral”. (p.27).

O autor considera que os reflexos “ se originam nos receptores sensoriais, que penetram na medula espinhal pelo seu corno dorsal. Na mesma linha de afirmação, BARBANTI (1994) considera o reflexo uma reação inata e específica, salientando que ele não pode ser treinado. O autor afirma que reflexo é uma “ reação involuntária, súbita, muito simples, em que não existe qualquer elemento de escolha ou premeditação” (p.252).

Com a mesma linha de raciocínio SCHMIDT (1979) define como reflexo as reações estereotipadas que o corpo apresenta frente a determinados estímulo, considerando a sua involuntariedade. A característica do reflexo de ser um movimento totalmente involuntário também é destacado por ESBÉRARD (1980), onde o autor afirma que “as respostas produzidas por estímulos específicos, que se realizam independe de qualquer controle e que tem características semelhantes em vários grupos animais e total identidade na mesma espécie, não importando a idade, é dado o nome de ato reflexo ou simplesmente reflexo”.(p.223).

O reflexo depende da via neural específica, e está relacionado com o ponto de inserção do estímulo da medula espinhal. As respostas reflexas não melhoram pela repetição. Esta situação deixa claro que o reflexo não pode ser treinado, o que impossibilita a sua aplicação situações técnicas do goleiro, como no caso das defesas dos arremates dos adversários.

TEMPO DE REAÇÃO
Como já vimos muitas são as qualidades, tanto físicas como técnicas e até mesmo psicológicas necessárias para um bom goleiro de futsal. Uma destas qualidades básicas, diz respeito a capacidade de reação, que deve ser a mais rápida possível, através da realização de movimentos técnicos de defesa, frente as ações ofensivas dos adversários, normalmente arremates ao gol em forma de chutes e cabeceios.

É primordial que o goleiro responda rapidamente e conscientemente a este estímulo, estando a sua produtividade diretamente relacionada com esta capacidade. Para obter este intento, um bom tempo de reação é necessário. Por tempo de reação BARBANTI (1994) considera “ o tempo que ocorre entre a saída do sinal de estímulo e a execução da resposta apropriada ao estímulo”.(p.276) Com uma opinião semelhante, SANTOS (1993) diz que “ tempo de reação é o intervalo de tempo entre a apresentação do estímulo ou sinal até o início da resposta”.(p.27).

Entretanto, neste conceito, a autora define o final da reação como sendo o início da resposta. Ela chama de Tempo de Resposta o espaço entre o estímulo e a execução final do gesto motor. Utilizando inicialmente o termo Velocidade de Reação, surge o conceito de VIANA (1995) para quem “ velocidade de reação é o tempo mínimo necessário para ser dar uma resposta motora a um estímulo sensitivo”. A definição da terminologia para esta situação, não é questão fechada para o autor, já que ele mesmo diz que “ alguns autores denominam velocidade de reação, capacidade de reação ou tempo de reação”, entretanto isto não é o mais importante. SOARES (1989) também considera o tempo de reação como sendo o intervalo de tempo entre o estímulo e o início da resposta motora. O autor inclui também a execução do movimento, dentro do que ele chama de Tempo de Movimento.

A AÇÃO DEFENSIVA DO GOLEIRO DE FUTSAL
Ao analisarmos os conceitos apresentados de reflexo e tempo de reação, podemos afirmar que o ato reflexo não faz parte da ação defensiva do goleiro de futsal. No futsal a defesa do goleiro parte da percepção de um estímulo apresentado pelo meio e captado pelo goleiro. Este estímulo é normalmente transformado na ação de chute ao gol por um jogador adversário.

Após perceber o estímulo o goleiro irá decidir qual a melhor ação a ser tomada, através do mecanismo decisório que tem como função selecionar e integrar os comandos motores que deverão realizar o movimento de defesa da bola. Num ato reflexo não há este caminho, pois ele ocorre em níveis inferiores do SNC. Além disto, a reação do goleiro é um movimento voluntário, pois os mecanismos de processamento de informações da ação do goleiro estão interligados, através de um fluxo de informações, o que segundo FONSECA (1998) faz com que um determinado mecanismo fique dependente das informações fornecidas pelo seu antecessor, ou seja, a decisão irá depender obrigatoriamente da percepção. Toda esta situação tem no córtex motor seu estágio de realização, o que demonstra como afirma BRANDÃO (1991) a necessidade de participação do córtex motor nas atividades motoras complexas, como é o caso das esportivas. Acreditamos que usar o termo adequado ao real conceito do ato motor apresentado pelo goleiro é importante para uma melhor compreensão do próprio jogo. O uso de conceito inadequados muitas vezes resultam em problemas de compreensão de significado. Com o presente trabalho esperamos ter colaborado para transferir informações que esclareçam cada vez mais a complexidade e importância do movimento humano, nas suas mais diversas formas de manifestação.
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BIBLIOGRAFIA
MAGILL, Richard. Aprendizagem Motora : Conceitos e aplicações. 2ª edição. Ed. Edgard Blücher. 1984. São Paulo. BRANDÃO, Marcus. As bases psicofisiológicas do comportamento. 1ª edição. Ed. Pedagógica Universitária. 1991. São Paulo. SCHMIDT, Robert. Neurofisiologia. 1ª edição. Ed. Pedagógica Universitária. 1979. São Paulo. ESBÉRARD, Charles. Neurofisiologia. 1ª edição. Ed. Campus. 1980. Rio de Janeiro. EYZAGUIRRE, C. e FIDONE, S. Fisiologia do Sistema Nervoso. 2ª edição. Ed. Guanabara Koogan. 1977. Rio de Janeiro. FONSECA, Gerard. Futsal – Treinamento para goleiros. 1ª edição. Ed. Sprint. 1998. Rio de Janeiro. WEINECK, Jürgen. Biologia do Esporte. 1ª edição. 1991. Ed. Manole. São Paulo. SOARES, Jesus. Dissertação de Mestrado- Estudo do Desempenho em Tempo de Reação e Tempo de Movimento em Atletas Veteranos e Indivíduos Não Praticantes de Esportes. USP. 1989. São Paulo. BARBANTI, Valdir. Dicionário de Educação Física e do Esporte. 1ª edição. Ed. Manole. 1994. São Paulo. VIANA, Adalberto. Treinamento do Goleiro de Futebol. 1ª edição. Imprensa Universitária. 1995. Viçosa.
Referência:
http://www.futsalbrasil.com.br/Autor: Gerard Mauricio Martins Fonseca

Caracterização dos níveis de atenção de acordo com o tempo de jogo de futsal

Utilizou-se do estudo de Júnior (1998) para entender como se desenvolve uma partida de futsal referente ao aspecto de atenção das equipes durante o jogo. Com este estudo, podemos ter uma noção da atitude dos jogadores ao decorrer do tempo de jogo e fazer uma correlação com a ocorrência de gols.


Este autor, dividiu os jogos de futsal em níveis de 5 minutos para tentar explicar o que ocorria com as equipes durante o jogo. De 0 a 5 minutos, chamado de Nível de Observação, sendo o início da partida, sem considerar uma final de campeonato, a observação é o principal objetivo, juntamente com o estudo do adversário e a movimentação imprimida no jogo.
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De 5 a 10 min, chamado de Início do Nível de Atenção, prevalece a atenção no jogo, a movimentação e um pleno estado de concentração. Desde o inicio deve existir as preocupações mas conforme o tempo vai passando, aumentam as intensidades citadas acima.
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De 10 a 15 minutos chamado de Nível Médio de Atenção, começam a acontecer as substituições em grandes escalas, como forma de alternativa de jogo. Estabelece-se um equilíbrio tático e existe uma parcela média de gols durante este nível. As tentativas de mudanças de estratégias e táticas acontecem neste nível, pois os riscos são menores.
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De 15 a 20 minutos, chamado de Nível Alto de Atenção, existe um certo equilíbrio tático, porém a técnica individual pode decidir. A média de gols que acontece neste período é maior que no primeiro tempo. Os jogadores devem ter grande aplicação técnica e tática.
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De 20 a 25 minutos, chamado de Retorno a Atenção, é o início do segundo tempo, existe uma preocupação que é retornar ao jogo, e estar com o estado de atenção voltado para as movimentações, retomar a concentração e não se dispersar na partida, em relação aos fundamentos e jogadas treinadas.
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De 25 a 30 minutos, chamado de Nível Médio de Atenção, é igual ao terceiro nível, existe agora um equilíbrio tático, e pode ser um caminho na retomada às substituições, prevalecendo também a tática individual.
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De 30 a 35 minutos, chamado de Nível Alto de Alerta, é considerado a segunda maior média de gols nesse nível, predominando o preparo físico, a técnica individual e a superioridade tática. Alerta, significa que os erros devem ser minimizados nesse estágio.
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De 35 a 40 minutos, chamado de Nível Crítico de Alerta, são considerados decisivos no esporte. Acontece a maior média de gols neste período, todo cuidado é pouco com as substituições, a equipe deve ter um equilíbrio emocional, o preparo físico é fundamental, e o jogo pode ser decidido em apenas um detalhe técnico.
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Nem pode se pensar em errar, e a equipe deve estar constituída de sua melhor formação. Nível altamente crítico, pelas pesquisas realizadas e os resultados apresentados até o momento, estes últimos cinco minutos são de estrema importância para o resultado final da partida.
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Não se pode nunca esquecer que nada substituí a qualidade técnica dos jogadores para criar jogadas e fazer gols e o Brasil tem sido agraciado com um sem fim de grandes jogadores, revelados em série, através dos tempos, que possuem a capacidade maravilhosa de desequilibrar as partidas de futsal.
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BALZANO, Otávio Nogueira. A Ocorrência e a Origem dos Gols de Futsal Profissional (Liga Nacional 1999). POA: UFRGS, 2000.
JUNIOR, Nicolino Bello. A Ciência do Esporte Aplicada ao Futsal. Rio de Janeiro: SPRINT, 1998.
Autores: Otávio Nogueira Balzano e Rogério da Cunha Voser